quinta-feira, 23 de junho de 2011

Chapter two

Todos naquela sala me olhavam assustados, nem eu mesmo sabia o que aconteceu,

-Yuki o que houve?-Perguntou a Freira Analice.

-E-Eu... Eu...

-Viraram picolés humanos!-Marie mexia nas estátuas.

-A Yuki fez isso!-Apontou-me uma garota. –Ela congelou Janice!

-Não, não fui eu...

Eu estava assustada com aqueles olhares acusadores em volta de mim, não pode ser eu que tenha feito isso, deve ter outra explicação. Uma borboleta branca e brilhante apareceu voando em cima do sino o descongelando, do nada ele começou a tocar sozinho, como estávamos perto demais o barulho era insuportável, não agüentamos e tapamos os ouvidos.

-Desse jeito eu vou ficar surda!-Gritou Christie.

O barulho fazia vibrar até o chão, passado cinco minutos as vibrações pararam o que significa que o sino também pode ter parado, quando abri os olhos eu estava no terraço da catedral Notre Dame juntamente com Christie, Janice e suas amigas estavam descongeladas atormentando uma garota num canto.

-Como isso aconteceu?-Perguntei assustada.

-O que?-Christie perguntou confusa.

-Janice!-Apontei. –Janice e suas amigas, como elas descongelaram?

-Congelaram?Yuki do que você está falando?

-Estávamos na sala do sino e elas estavam congeladas, afinal como viemos parar aqui?

-Não Yuki!-Christie fez um sinal de negação com a cabeça. –Não saímos daqui, você estava tão encantada com a vista que nem resolvi te perturbar.

-O que vocês estão fazendo paradas aí!-Gritou a Freira Analice subindo as escadas. –Está na hora de ir embora!

Engraçado, mas estávamos na sala do sino, o que aconteceu?Por que eu to vendo borboletas?Aquela borboleta branca deve ter alguma coisa haver com isso, insisti com Christie que Janice estava congelada, mas ela apenas riu e não acreditou, todas as pessoas daquele ônibus estavam agindo normalmente como se nada daquilo tivesse acontecido. O que está acontecendo?

Fiquei quieta durante o caminho todo de volta, ninguém ia acreditar em mim mesmo, Christie conversava com uma menina e trocava revistas de moda, alguma coisa não estava certa ali. Chegamos à escola e fizemos a mesma coisa, chamada para ver se todos estavam no ônibus, todos saíram e eu segui meu caminho e desta vez Christie não me acompanhou, já estava anoitecendo e a lua aparecia aos poucos no céu.

-O que será que eu sou?-Suspirei e olhei para o céu. –Será que eu não sou humana?

-Ei nanica o que faz aqui?

Virei-me e vi Isabella e Clara acompanhada por dois rapazes morenos de cabelos castanhos e olhos cor de mel, pelo físico parecia freqüentar academia, os dois tinham a mesma aparência, acho que são gêmeos.

-Não deveria estar em casa?-Clara me deu um cascudo.

-Estou voltando do passeio escolar!-Respondi.

Clara e Isabella me seguiram o caminho inteiro para ver se eu ia mesmo pra casa, que coisa essa desconfiança que elas têm de mim, nunca fugi pra lugar nenhum. Cheguei ao prédio e o porteiro abriu a grade.

-Vocês não vão entrar?-Perguntei.

-Nós vamos sair!-Anunciou Isabella. –Que o apartamento esteja arrumado quando voltarmos!

Não foi somente do porteiro, mas sim do recepcionista e de algumas pessoas que estavam na recepção eu ouvia coisas como “pobre menina” ou até “que irmãs cruéis”...

-Yuki!

-Madelaine, boa noite!

Madelaine é a minha vizinha, me acompanhou do elevador até meu apartamento, não é a primeira vez que minhas irmãs saem me deixando sozinha em casa e quase sempre Madelaine é quem toma conta de mim e me ajuda a arrumar a casa, ela quem faz a comida, não é que eu não saiba cozinhar porque senão eu não sobreviveria muito menos as minhas irmãs que nem fritar um ovo sabe.

-Yuki por que você atura isso?-Madelaine me ajudava a arrumar o apartamento.

-É que eu não tenho pra onde ir!-Respondi. –Elas são minhas guardiãs legais!

-Sempre há outro caminho Yuki, sua mãe sempre dizia isso!

-Minha mãe?

-Isabella e Clara tem inveja de você porque a sua mãe dirigia a atenção você!-Madelaine sorriu. –Sua mãe cuidava de você de um jeito bem especial, ela dizia que você é capaz, que você é diferente e tem força dentro de si!

-Madelaine às vezes eu sinto que minha mãe não morreu!-Olhei para a janela. –Quando eu durmo, não sinto medo... Sinto como se estivesse alguém me abraçando, me sinto protegida, uma energia tão positiva que me trás harmonia e paz!

-Quem sabe!-Madelaine sorriu. –Yuki você é capaz de fazer coisas que suas irmãs não conseguem, você é igual a sua mãe!

-Até demais!-Suspirei. –Madelaine, hoje aconteceu uma coisa muito estranha comigo, uma coisa que nem eu mesmo estou acreditando até agora... Na catedral Notre Dame, na sala do sino gigante o meu corpo queimava por dentro, mas quando a dor passou três colegas de sala minhas estavam congeladas juntamente com o enorme sino...

-Mesmo?-Madelaine se interessava pela história.

-Em cima do sino eu vi uma borboleta branca voando e descongelou o sino, do nada ele começou a tocar, quando abri os olhos eu estava no terraço das gárgulas, todo mundo viu e sabe que fui eu quem congelou Janice, mas quando aquele sino tocou, todos agiram como se nada daquilo tivesse acontecido. Eu não sou normal.

-Não é verdade Yuki!-Madelaine me consolava. –Você é especial, que nem a sua mãe, sabe Yuki talvez seja a hora de revelar seu verdadeiro eu.

-Meu verdadeiro eu?

-Yuki preste muita atenção no que vou lhe dizer, sabe por que sua mãe deu-lhe o cordão de floco de neve?

-Nunca pensei nesse detalhe!-Abaixei a cabeça. –Nesse momento ele está despedaçado em Ila de La cite!

-Como isso foi acontecer?

-Janice e suas chantagens, ela me devolveria o colar se eu alterasse as provas do colégio e eu disse não então ela o jogou da sala do imenso sino.

-Você agiu certo Yuki!-Madelaine acariciava a minha cabeça.

-Mas perdi o colar, agora não tenho mais nada para lembrar-se de minha mãe!

Não consegui conter as lágrimas, eu tinha que chorar, pois não havia motivos para não fazer isso e lá estava a única pessoa que me entende, eu a abracei chorando em seu colo.

-Naquele momento eu senti uma vontade de fazer Janice desaparecer do mapa, ela tem atormentado todo mundo e quebrou a única coisa preciosa para mim, eu senti ódio dela, mas não queria que fosse congelada, não quis fazer mal a ninguém.

-Eu entendo Yuki!

-Não sei Madelaine, estou com muito medo, eu congelei três pessoas e fiz nevar, eu estou com medo, e se eu não for humana, se eu for uma aberração?

-Você não é uma aberração Yuki!-Madelaine me consolou. –É o seu dom, o aceite... Igual a sua mãe!

-Minha mãe?-Enxuguei as lágrimas. –O que tem a minha mãe haver com isso?

-Sua mãe também demorou a aceitar o seu dom, Lilia também tinha poderes que nem você, não tenha vergonha Yuki, senão você terá vergonha de você e de sua mãe...

-Minha mãe era igual a mim?

-Yuki não pense que está sozinha, sempre te protegerei.

Madelaine me abraçou, mas seu abraço era diferente, confortável, quente, aconchegante. Me sentia protegida.

-Te amo Madelaine!

-Também te amo Yuki!-Madelaine beijou a minha testa.

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